sábado, 3 de maio de 2014

Dori, Guinga e Quinteto Villa-Lobos

Há duas semanas eles me tomam o juízo. "Dori Caymmi - 70 anos", CD comemorativo em que o compositor gravou inéditas com seu parceiro e amigo Paulo Cesar Pinheiro e "Rasgando Seda" que traz a música de Guinga acompanhada de seu violão e interpretada pelo Quinteto Villa-Lobos.
Em paralelo a dias cinzas, com espetaculosos noticiários oportunistas e violentos, denúncias e corrupção de toda a sorte, promoção midiática de uma tal "música brasileira" enfraquecida pela ausência de poesia e música, propriamente dita, ouvir Dori, Guinga e seus companheiros do Quinteto Villa-Lobos é como que navegar este mesmo mar estranho, mas pelo avesso. Trazer rosa aos ventos e rememorar o que aparentemente se perdeu em nós. Nestes discos, revi "a morena do mar", por exemplo. Com ela, estava o mestre Dorival Caymmi e um tanto de mistérios e encantos da Bahia que a literatura de Jorge Amado imortalizou. A voz de Dori é chamamento, igual couro de tambor que desperta e adormece.
Em ambos os CDs tinha muita reza, violeiros, frevos, valsas, silêncios, delicadezas, boniteza. Acho que estes artistas fazem música cerzindo o Brasil. Paulo Cesar Pinheiro é poeta que carrega balaio de gente na cabeça e esperança. Sua palavra é feita de planta. Traz amor, partidas, rodopia, conta histórias de um tanto de coisa que a gente não vê, mas sente.
Guinga pra mim é Marc Chagall e junto de sua música sonho demais. Os sopros do Quinteto Villa-Lobos bailam de mãos dadas com o erudito e o popular e fazem carinho. Ao pé do ouvido.
De dentro da minha cozinha, agradeço a estes artesãos por encherem o meu coração de alegria e de sagrado.
Aqui, um programa que Dori e Paulo Cesar Pinheiro gravaram pela TV do Sesc. https://www.youtube.com/watch?v=wiJe2_vRRtI
Um vídeo de Guinga com o Quinteto Villa-Lobos
https://www.youtube.com/watch?v=eac3A6M4IV8

 Dori Caymmi

Guinga

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